Partindo de uma abordagem histórica, o presente artigo propõe desenhar um retrato da situação linguística do Kuito, capital da província do Bié, mais concretamente visa apurar o uso da língua portuguesa e da língua umbundu, enquanto línguas maternas e/ou línguas segundas. Além de se debruçar sobre as informações históricas relacionadas com o contacto linguístico entre o português e a língua umbundu, este estudo apresenta a situação linguística existente aquando da realização do Recenseamento Geral da População e da Habitação de Angola (2014). Do ponto de vista dos procedimentos e técnicas utilizadas, este trabalho enquadra-se numa pesquisa bibliográfica ou documental, combinada com o enfoque de estudo de caso. O destaque dado à pesquisa bibliográfica permitiu a recolha diversificada de informações, para a construção da fundamentação teórica. Para o enfoque da pesquisa exploratória foi realizado um inquérito a pais e encarregados de educação, a professores do ensino primário e do primeiro ciclo do ensino secundário e a estudantes de uma instituição de ensino superior, com o intuito de averiguar a presença da língua umbundu na sua comunicação diária. A aplicação do inquérito permitirá determinar a percentagem de falantes que têm o umbundu e o português como língua materna (LM ou L1) e aqueles que a têm como segunda língua (L2). Daremos, ainda, destaque aos fatores que fragilizam o umbundu enquanto língua de comunicação entre os habitantes do Kuito, tentando apontar caminhos que contrariem esta tendência.