A compreensão dos docentes sobre a formação em Saúde Coletiva nos cursos de Fonoaudiologia de universidades públicas do Nordeste brasileiro

Abstract

No Brasil, os cursos de graduação em Fonoaudiologia, com a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), ampliaram a oferta de componentes curriculares de Saúde Coletiva, buscando fortalecer a inserção dos estudantes no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante disso, este artigo objetiva compreender a formação em Saúde Coletiva dos cursos de Fonoaudiologia em universidades públicas do Nordeste brasileiro, na perspectiva docente. Para a produção de dados foram realizadas entrevistas com sete informantes-chave, e para a análise foram utilizados os referenciais teóricos sobre Saúde Coletiva e atos de currículo. Nos resultados, identificou-se uma compreensão dos docentes sobre a formação em Saúde Coletiva como espaço privilegiado para a formação no contexto do SUS, ainda que tenha sido observada uma heterogeneidade na concepção de Saúde Coletiva. Isso aponta para a necessidade de fomentar estudos que subsidiem a ampliação da inserção dos estudantes no SUS.

Mudanças curriculares no ensino da Saúde Coletiva na graduação de fonoaudiólogos

“…Em contrapartida, alguns autores apontam que o ensino em Fonoaudiologia no Brasil 1 , ainda tem predomínio das práticas pedagógicas tradicionais, com aulas expositivas, centradas no professor, com dificuldades de adotar recursos inovadores de ensino e organização de currículos fragmentados 1,18 . Esse fato pode ser observado num estudo realizado com sete Universidades Públicas do Nordeste mostrou que dos sete cursos públicos de Fonoaudiologia, apenas um tinha o PPP e a matriz curricular orientados por metodologias ativas, enquanto os demais cursos mantinham o predomínio de metodologias tradicionais 19 .…”

“…O estudo já citado, realizado no Nordeste, revelou algumas dificuldades no processo de ensino da SC na graduação de Fonoaudiologia, principalmente na integração entre os saberes. No que se refere à inserção do Campo no currículo, dos seis cursos que possuem o PPP organizado em disciplinas, apenas três apresentam a SC de forma longitudinal, em quase todos os semestres 19 . Tal achado corrobora com os resultados desta pesquisa, que desde 2014 oferta componentes curriculares que abordam a SC em quase todos os semestres.…”

Quais os possíveis impactos do Previne Brasil para o trabalho e educação da fonoaudiologia na Atenção Primária à Saúde?

“…Esses estudos apontam que os estudantes conseguem apreender conceitos dos componentes curriculares de saúde coletiva na prática, favorecendo a ampliação do olhar sobre a saúde e a aproximação com as necessidades de saúde da população e do SUS 13,14 . Contudo, alguns desafios ainda são persistentes, visto que há uma incipiência na integração entre os componentes curriculares da fonoaudiologia e nas práticas interprofissionais na realidade do SUS, e uma baixa cobertura de fonoaudiólogos e fonoaudiólogas na APS que poderiam exercer a prática da preceptoria 14,15 .…”