Resumo Este estudo objetivou investigar a ocupação de uma mulher que se tornou mãe de um bebê pré-termo, vivenciando, um mês após a alta hospitalar, o óbito do filho. Trata-se de um estudo qualitativo, cujo delineamento foi o Estudo de Caso, ancorado no referencial teórico do Modelo de Ocupação Humana. Os dados foram coletados por meio da aplicação do instrumento Diário de Ocupações (DO) e da realização de duas entrevistas semiestruturadas, uma delas realizada na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal e outra no contexto domiciliar. Os dados do DO foram organizados descritivamente e as entrevistas foram transcritas e, posteriormente, analisadas por meio da Análise de Conteúdo Temática. Observa-se que a construção da identidade ocupacional materna ocorreu de forma gradativa e relacionada à condição clínica do filho. Como categorias analíticas, emergiram dois temas: “Hospitalização do bebê pré-termo: um novo, desconhecido e amedrontador contexto para a futura e nova mãe” e “A morte e o processo de luto materno: como continuar a viver após o óbito do filho”. Discute-se que se tornar mãe de um bebê pré-termo desvela mudanças na rotina que demanda a permanência em um ambiente hospitalar. Ademais, que a necessidade de enfrentar o luto se configurou como um novo e complexo desafio, uma vez que o processo da identidade materna foi interrompido ao vivenciar a perda inesperada do bebê. Pesquisas que abordem as ocupações de mães de bebês pré-termos são relevantes para a prática da terapia ocupacional, pois permitem conhecer a construção da identidade materna no contexto do nascimento de risco, e, ainda, como lidar com o pesar associado ao luto materno.