RESUMO -O tratamento da ingestão de agentes químicos corrosivos continua controverso. A incidência desses episódios tem aumentado nas úl-timas décadas por várias razões.OBJETIVO. Analisar a ocorrência, as complicações e os resultados do tratamento da lesão esô-fago -gástrica causada por agentes químicos.MÉTODOS
INTRODUÇÃOA ingestão de substâncias cáusticas e corrosivas é ainda motivo de preocupação em nosso meio pela gravidade dos casos. Em virtude do seu fácil acesso, já que estão presentes em vários produtos de uso doméstico, a ingestão proposital ou acidental ocorre freqüentemente. A esse fato, soma-se a falta de informações da população sobre os efeitos deletérios dessas substâncias e a desobediência às instruções de segurança destes produtos.Não devemos utilizar as expressões cáustica e corrosiva como sinônimas, uma vez que cáusticos são os álcalis e corrosivos são os ácidos. A especificação é importante porque a literatura aponta efeitos diferentes entre eles [1][2][3][4] .Nos EUA a freqüência de ingestão de agentes químicos é de 5000 a 15000 pacientes novos ao ano 5 . A incidência é bimodal, com aproximadamente 75% de indivíduos com idade abaixo de 5 anos. A população restante é constituída de adultos jovens acima de 21 anos e apenas 4% dos casos encontram-se entre 6 e 15 anos 6,7 .Abaixo de 5 anos, praticamente todos os casos se devem à ingestão acidental, sendo a incidência igual em ambos sexos, ou levemente maior para o sexo masculino. Nos adolescentes americanos, de riático ocorreu em três casos (14,3%), amoníaco e ácido sulfúrico em um caso (4,8%) cada. Lesão aguda esôfago -gástrica causada por agente químico 12 a 20% das ingestões são por tentativas de suicídio, sendo mais freqüente no sexo feminino. Entre os adultos, a causa principal é a voluntária, com objetivos suicidas. Alterações psiquiátricas estão freqüentemente associadas, especialmente em relação ao sexo feminino que é o mais incidente. O alcoolismo é fator citado como justificativa para a ingestão acidental 3 .
RESULTADOS. As lesões faríngeas e laríngeas estiveram freqüentemente associadas às lesões de esôfago, presentes em 18 casos (85,7%Os dados estatísticos são escassos no Brasil, porém acredita-se que a incidência não seja alta, com distribuição semelhante à americana.Apesar da freqüência do problema, o diagnósti-co e o tratamento das lesões causadas por substân-cias químicas ainda continuam controversos. A literatura é discordante em vários aspectos e são poucos os trabalhos prospectivos e randomizados para melhor conhecimento desta afecção.O objetivo deste estudo é analisar a ocorrência, as complicações e os resultados do tratamento da lesão esôfago-gástrica causada por agentes químicos.
CASUÍSTICA E MÉTODOForam analisados retrospectivamente 21 pacientes adultos, com lesão aguda esôfago-gástrica causada por agente químico, que foram admitidos no Serviço de Emergência do Departamento de