A Crise De 2008 E a Arquitetura Financeira Internacional: Propostas De Regulação Do G-20 E Seus Desafios

Abstract

Os efeitos da crise financeira e econômica de 2007 e 2008 na arquiteturafinanceira internacional demonstraram que os acordos de regulação postos até aquelemomento não eram infalíveis. A partir disso, o presente artigo tem como objetivoprincipal demonstrar como o Grupo dos 20 (G-20) atuou após a eclosão da crise nabusca de uma articulação política para formular uma nova proposta de regulação,que promoveria maior resiliência ao sistema. Entretanto, os interesses estratégicosnacionais e a própria prerrogativa de implementação dos acordos, que é feita de formanacional, são desafios enfrentados na busca por maior estabilidade financeira. Ressaltase, assim, que mudanças no arcabouço regulatório internacional ocorreram a partirda articulação do G-20 com outras instâncias, dando origem ao Acordo de Basileia III,porém a natureza instável do sistema persiste.

DESVENDANDO OS SEGREDOS FINANCEIROS: Uma Jornada Rumo à Estabilidade

“…A crise financeira de 2007-2008 resultou na implementação de reformas regulatórias, como o Dodd-Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act, instrumento no qual apresenta componente normativo de governança corporativa, visando abordar algumas das causas fundamentais da crise e evitar crises futuras (Pontes & Mattos, 2019).…”

“…A crise das hipotecas subprime nos Estados Unidos foi resultado de um conjunto de fatores, com destaque para as inovações financeiras criadas a partir da década de 1970, tais como os derivativos credit default swaps, produtos estruturados como os collateralized debt obligations e o crescente aumento das pressões pela liberalização financeira (Pontes & Mattos, 2019). Durante o período que antecedeu a crise, houve um aumento generalizado na concessão de empréstimos hipotecários em todas as faixas de renda, ou seja, o crédito expandiu-se proporcionalmente em todos os níveis de renda.…”

“…Apesar da ilusão de que o problema da crise imobiliária tenha sido causado pelas pessoas com pontuação de crédito baixa, estudo aponta que tomadores de empréstimos com renda média ou alta representavam uma parcela significativa dos dólares em atraso quando a crise atingiu, especialmente em áreas onde os preços das casas caíram mais (Adelino, Schoar & Severino, 2015). Isso ocorreu porque esses tomadores de empréstimos possuíam dívidas maiores, e um pequeno aumento em sua taxa de inadimplência acarretou em um grande impacto no montante total de dólares em atraso (Pontes & Mattos, 2019).…”