Ao longo do caminho trilhado para obter os resultados mais significativos no debate pertinente, este artigo proporciona um panorama analítico, histórico-crítico e metodológico, embora não exaustivo, dos usos (e também dos abusos) do conceito de populismo nas ciências sociais brasileiras – tendo em vista que estas constituem um verdadeiro laboratório da apropriação latino-americana do populismo. Se, por um lado, o debate brasileiro incorpora todos os pontos fortes e fracos do debate europeu e norte-americano sobre o populismo, a adoção desse conceito no pensamento político-social brasileiro, por outro lado, deve atender a algumas necessidades específicas, a partir das primeiras teorias sobre o povo “amorfo”, entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, passando pela análise do ciclo nacional-desenvolvimentista da “Era Vargas” (no período de 1930 a 1964), até chegar à recuperação desse conceito nas últimas décadas, para definir o fenômeno do “lulismo” e, sobretudo, o chamado “bolsonarismo”, já no século XXI.