Este artigo considera o dicionário como um instrumento do processo de gramatização descrito por Auroux e como uma das manifestações da língua imaginária, tal como conceituada em Orlandi. Ao partir destes pressupostos, apresenta uma análise discursiva das concepções de língua e de ensino propostas pelo Plano Nacional do Livro Didático, especificamente em suas diretrizes para tipos e usos de dicionários escolares. Para isto, interpreta um corpus formado por recortes do manual “Com direito à palavra: dicionários em sala de aula”, guiando a análise pela divisão feita pelo documento entre os tipos de dicionários de uso escolar e recomendações de atividades. Conclui que alguns conceitos de língua ali elencados, bem como processos discursivos envolvidos nestas recomendações de usos, recortam sentidos em disputa no campo da Educação.