RESUMO: Este artigo tem raízes na etnografia que nós, dois pesquisadores em Linguística Aplicada, realizamos há mais de 10 anos no Complexo do Alemão carioca. Territórios periféricos como esse são marcados por uma necropolítica imposta pelo Estado brasileiro, que violenta e executa, principalmente, a população negra predominante nessas áreas. A regulação da violência no Brasil, contudo, não é exclusividade do Estado, pois o “mundo do crime”, mesmo fragmentado, também é agente relevante nessa dinâmica. Em meio ao fogo cruzado que se estabelece entre o Estado e os outros agentes dessa gestão armada, moradores de favelas constroem formas criativas de afrontar as violências, inclusive letais, que lhes são destinadas. Aqui, exploramos os fogos digitais, o registro ativista papo reto e o artivismo como estratégias dos moradores de favela para sobreviver e construir futuros mais justos.