“…O fogo doméstico pode ser configurado com a compreensão de "casa", assim como de "panela" (SCHADEN, 1974), como veremos a seguir. Quanto a casa, entre os Waimiri Atroari, como o registrado por Márcio Silva (2009), salta aos olhos o fato de que ser dono da casa não necessariamente segue regras de gênero, o dono da casa (mîdî-yapîrem) é relacionado com categoria de chefe, "[...] não por acaso, "sogro, tio-materno" (ya) é também lembrado como um correspondente possível para a noção" (SILVA, 2009, p.115), configurado como um "[...] posto correspondente a um status adquirido e temporário [...]" (SILVA, 2009, p.115), desta forma constitui "[...] um símbolo associado a um feixe de relações sociais estabelecidos entre seus co-residentes [...] Toda casa tem um "dono" (yapŷrem) assim como o coração (dya) tem um (dya yapŷrem) que se manifesta na pulsação cardíaca" (SILVA, 2009, p.116). Para Silva, "Entre um dono de casa e seus co-residentes estabelece-se uma relação de liderança no desempenho do trabalho coletivo [...] aquele que diz para alguém ajudar" (SILVA, 2009, p.115).…”