O objetivo do presente trabalho é abordar a partir de uma experiência etnográfica vivida por um casal de missionários ligados à igreja católica entre os anos de 1985 e 1986 junto aos índios Waimiri-Atroari na aldeia Yawará em Roraima, a produção de fontes escritas baseadas na reconstrução da memória e alguns relatos orais deste grupo. No âmbito da história, ainda são escassos, até o presente momento, no Brasil estudos relacionados com mais profundidade a essa temática, ainda distante de se pretender chegar a uma resposta definitiva sobre essa questão, o texto objetiva ressaltar alguns aspectos teóricos e metodológicos relacionados ao trabalho dos missionários, que se basearam no método de Paulo Freire para tentar alfabetizar os indígenas, além disso, os relatos orais feitos anos depois por um dos missionários corroboraram com as memórias da época, onde os índios produziram um novo tipo de fonte, baseados em uma fatídica experiência genocida vivida por eles durante o regime civilmilitar, mas que demonstrou a organização social do grupo, além de caracterizar-se como uma forma de resistência cultural. PALAVRAS-CHAVE Índios Waimiri-Atroari. Memória. Trabalho missionário. Resistência. A gente desenvolveu esse trabalho em um método mais Paulo Freire, né, a partir do desenho, em que eles mesmos se sentissem donos, ser criadores do seu alfabeto, e a partir desse alfabeto também criar ou recompor a sua própria História, a sua Geografia, toda sua [...] tudo começou a aparecer ali, né? E aí também, né, iniciou a história deles, não é? Começou a contar com desenhos, e escrevendo, em 4 meses tinham uns 10 que já escreviam frases na língua deles, né? Apesar de que quando nós chegamos lá não imaginavam que a sua língua pudesse ser escrita. Queriam é aprender português. É. Mas quando a gente mostrou, colocou no meio os desenhos deles começaram a sair [...] surgir às letras, e aí eles ficaram todo entusiasmados. Nos primeiros4 meses ninguém perguntou mais do Português (SCHWADE, 2013). "É no caminho da crítica histórica que a memória encontra o sentido da justiça" (RI-COEUR, 2007, p. 507). As palavras de Paul Ricoeur nos serviram de estímulo para que nós tentássemos recuperar a partir de uma experiência etnográfica vivida pelo casal de missionários Egydio e Doroti Schwade junto aos índios Waimiri-Atroari, entre os anos de 1985 e 1986 a história de resistência desse povo. Nessa ótica, a formação dessa memória só se fez possível, em razão da demonstração cultural dos seus costumes e tradições. Deste modo, as formas de organização social e cultural desse povo estão intrinsecamente ligadas a sua própria cosmologia. Acerca da experiência, Egydio Schwade comentou:
Resumo: Desde meados do século XX, não poucos intelectuais têm se colocado à serviço dos índios no Brasil, promovendo um intenso diálogo entre as principais instituições nacionais e as lutas históricas dos movimentos indígenas. Entre os religiosos, essa postura exigiu a ruptura com os conceitos tradicionais de missão e a fundação de novas bases para o diálogo entre a fé da Igreja e a cultura dos povos ancestrais. Este artigo analisa a trajetória e a militância de Egydio Schwade, ex-jesuíta e fundador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) nos anos 1970.
Neste artigo, propõe-se discutir o processo de introdução da Educação Escolar Indígena na Aldeia Caarapó-MS, a partir das vivências e experiências dos próprios índios, em particular, destaca-se a trajetória do indígena Elemir Soare Martins, que retrata em sua Dissertação de Mestrado, a ser defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados-MS, as nuances da introdução do processo educacional do povo Guarani e Kaiowá, perpassando além desta trajetória, outras variantes deste processo, como nos casos das ações das Igrejas Evangélicas e alianças institucionais que foram realizadas com ONGs e Universidades.
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