Resumo O olhar sociológico sobre o plágio entre alunos do ensino superior nas últimas décadas tem produzido progressos teóricos e metodológicos que permitem problematizar e monitorizar esse antigo e persistente fenômeno, considerando seus contornos contemporâneos. Este artigo, resultante de um projeto de investigação, sistematiza alguns desses avanços por forma a analisar criticamente as percepções sobre várias formas de plágio entre estudantes no ano letivo de 2015/2016 numa instituição de ensino superior portuguesa, aferindo (des)continuidades entre vários ciclos de estudo e controlando o efeito das variáveis sexo, idade, área de estudos e conhecimento do código acadêmico em vigor nessa instituição. Os dados em análise resultam de uma inquirição por questionário e permitem verificar que as percepções dos estudantes sobre o que constitui plágio divergem, especialmente em relação a algumas formas de plagiar, ainda que ganhem acuidade ao longo do percurso acadêmico. Por outro lado, os estudantes dos diferentes ciclos destacam o papel do conhecimento e do acompanhamento dos professores na prevenção dessa prática antiética. O impacto positivo da socialização acadêmica nessas percepções atesta a importância de uma pedagogia voltada para a honestidade e para a escrita intertextual, clamada pelos próprios estudantes, mas frequentemente secundarizada nas políticas de prevenção e nos currículos acadêmicos das instituições de ensino superior.