O presente trabalho académico visa o estudo do Palacete Neomanuelino, situado na Avenida do Brasil, na zona da Foz, no Porto. O palacete, construído entre 1910 e 1911 por Beatriz Jorge Guimarães e pelo capitão Artur Jorge Guimarães, com autoria atribuída ao arquiteto José Teixeira Lopes, é um dos poucos exemplares da arquitetura de vilegiatura no final do século XIX e início do século XX que persistiu às alterações urbanísticas da segunda metade do século, que levaram à demolição de diversas habitações ao longo de toda a costa da Barra do Douro. O edifício em análise assume um caráter particular da cultura tardo-novecentista ao utilizar uma linguagem revivalista no seu programa plástico. Este revivalismo apresenta-se como neomanuelino, levando a que o palacete entre no debate acérrimo acerca da existência deste estilo ou se este é resultante de um ecletismo, com diversas culturas artísticas, nomeadamente o gótico, o mudéjar e o renascentista. Aqui observamos igualmente elementos integrantes de um raciocínio sobre a arquitetura habitacional portuguesa e a existência de um estilo nacional, de forte pendor identitário, levantando premissas que estarão na base da teorização da casa portuguesa.