ResumoAs empresas brasileiras de saneamento e tratamento de águas estão fortemente caracterizadas por uma hierarquia de baixa flexibilidade e apesar de ter no seu cotidiano atividades de projetos ainda não possuem a maturidade necessária ao sucesso na condução de seus projetos. Foi observado que a priorização de projetos está entre os principais problemas enfrentados pelos gerentes de múltiplos projetos neste tipo de organização. Assim, com o objetivo de aprimorar as técnicas de priorização de projetos para o gerenciamento de múltilos projetos, este trabalho analisa a gerência de múltiplos projetos de automação e propõe um modelo com a utilização do método multicritério PROMETHEE I para auxiliar o gerente de portfólio a priorizar os seus projetos, utilizando critérios e pesos extraídos da realidade da gerência através de entrevistas realizadas com os envolvidos no processo. O modelo utilizado foi considerado satisfatório, atendendo às necessidades da companhia e do gerente de múltiplos projetos.
Palavras-chaveGerenciamento do portfólio de projetos (PPM). Análise de decisão multicritério. Projetos.
IntroduçãoGerenciar um projeto significa, acima de tudo, lidar com pressões e incertezas. As restrições de tempo, custo e escopo (e consequentemente de qualidade), pertinentes a todos os tipos de projeto, exigem bastante habilidade e um alto nível de conhecimento técnico do gerente de projetos.Quando se trata de empresas de saneamento, o problema fica ainda maior. A água tratada e o esgotamento sanitário são vistos pela ciência econômica contemporânea como espécies de produtos que chamam um tipo muito especial de monopólio, o monopólio natural, resultante do desinteresse de outros investidores em colocar seu tempo e seu dinheiro nesse tipo de atividade. Isso acontece porque as particularidades desse tipo de produção tornam-na muito instável e sujeita a intervenções contínuas do poder público para garantir as mínimas condições; além de possuírem custos fixos enormes e custo marginal muito baixo, tendendo à ausência de lucro, mesmo com os níveis de produção em um patamar eficiente. Logo, a produção acaba sendo monopolizada pelo Estado (VARIAN, 2003), que no cenário brasileiro tem muitas vezes optado pelo regime de empresa pública, de modo a poder cobrar pelo serviço ao mesmo tempo em que procura assegurar sua continuidade e qualidade mínima.Segundo Turolla e Ohira (2005), a incerteza e a possibilidade de mudanças durante o longo período de maturação dos projetos de saneamento básico reduzem os investimentos de capital privado e público, de forma que a expansão das redes de água e esgoto no Brasil, apesar de urgente, não é fácil de ser realizada. Como consequência disso, projetos são iniciados e interrompidos com frequência.Fazem parte do cotidiano das empresas de saneamento projetos de construção de estações de tratamento de água e de esgoto, construção de estações elevatórias, de reservatórios, e projetos de manutenção elétrica, mecânica e civil dessas unidades operacionais.