“A gente fica institucionalizado também!”: cotidiano, saúde mental e processos de trabalho na percepção das equipes de unidades socioeducativas

Abstract

O artigo pretende descrever as percepções do(a)s trabalhadore(a)s quanto ao cotidiano institucional e suas possíveis correlações com os fatores que geram sofrimento mental e crises no público atendido em sete Centros de Socioeducação (Censes) do Paraná. Utilizou-se como instrumentos de coleta de dados grupos focais, entrevistas e observações participantes, sendo os dados interpretados pelos princípios da hermenêutica. Observou-se uma não padronização das estruturas dos Censes e a percepção dos trabalhadores indicou dinâmicas menos institucionalizadas em estruturas menores. A privação ocupacional pareceu sinalizar o aumento do sofrimento mental do(a)s adolescentes, contrariamente ao acesso a um repertório de atividades significativas, as quais pareceram ser promotoras de saúde mental. Conclui-se que a institucionalização pode gerar sofrimento mental tanto ao(a)s adolescentes quanto às equipes que trabalham nos Censes, sendo a estruturação do cotidiano um de seus determinantes.

Caminhos e intermediações entre serviços do Sistema de Saúde e da Socioeducação

“…Nesse ponto, há a recorrência de falas, tanto na socioeducação como na saúde, que relacionam estes elementos estruturais e paradigmáticos como possivelmente responsáveis pela limitação das atividades nos Centros, sejam elas atividades relacionadas à promoção de saúde ou mesmo as atividades socioeducativas. Robert et al 28 em seu estudo, tratam da importância do sentido ocupacional das atividades executadas com os adolescentes. A escuta dos adolescentes com relação aos seus interesses, permite elaborar atividades que abarquem o universo sociocultural e de identificação deles, implicando em ações mais alinhadas com o desenvolvimento de autonomia e fortalecimento da identidade pessoal.…”

Paths and inter-mediations between Brazilian Health Services and Youth Detention Centers

“…At this point recurrent speeches appear, both in socio-education and in health, which relate these structural and paradigmatic elements as possibly responsible for limiting the activities in the centers, whether they are activities related to health promotion or even socio-educational activities. In their study, Robert et al 28 discuss the importance of the occupational meaning of the activities carried out with adolescents. Listening to adolescents in relation to their interests makes it possible to design activities that encompass their sociocultural and identification universe, implying actions that are more aligned with the development of autonomy and the strengthening of personal identity.…”

The performance of pedagogues in socio-educational units: possibilities and challenges

“…Segundo Dias (2019) As práticas pedagógicas precisam levar em consideração os adolescentes privados de liberdade, a realidade que os cercam e o contexto marginalizado que estão imersos. Além disso, a situação vivenciada acarreta inúmeros efeitos negativos na saúde mental desses indivíduos (Robert et al, 2022). Assim, o pedagogo possui papel central no desenvolvimento de práticas e ações que proporcionem a reinserção dos sujeitos à sociedade considerando suas origens, os seus direitos, vontades, emoções e suas responsabilidades enquanto cidadãos.…”