RESUMO Este artigo tem como meta investigar o uso e emergência das construções [que x o que] e [que x que nada] com base no aparato teórico da abordagem construcionista (Goldberg, 1995; Croft & Cruise, 2004; Traugott & Trousdale, 2013). Tais construções, recorrentes na modalidade oral do português brasileiro em situações de diálogo, funcionam como mecanismo de discordância, incorporando a informação linguística a ser refutada (explícita ou não no evento comunicativo), operando no mesmo nível de expressões cristalizadas como as idiomáticas. Os dados analisados foram extraídos do corpus C-Oral Brasil, pesquisa na plataforma Google e Corpus do Português. Neste estudo, o foco reside em compreender as motivações de natureza formal e funcional do emprego dessas construções nas situações reais de uso da língua. Os resultados apontam complexidade na interpretação dessas expressões quanto ao pareamento forma-função, haja vista que a gradiência desse pareamento é relativamente abruta e resulta de processos polissêmicos.