O artigo retrata uma experiência pedagógica realizada no âmbito da disciplina de Teorias de Aprendizagem, em um Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, de uma instituição pública federal de Mato Grosso do Sul. Foi solicitada aos pós-graduandos a escrita de uma carta respondendo a uma das três Cartas presentes na obra “Pedagogia da Indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos”, de Paulo Freire. A atividade objetivou analisar a situação atual de vida e formação dos professores, tomando como pressuposto a teoria freiriana, por meio do gênero textual preferido de Freire: as cartas. Participaram da atividade 18 mestrandos, a maioria professores convocados em redes públicas de ensino, que ministram disciplinas de Biologia, Química, Física e/ou atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, como professores regentes. A análise das cartas foi feita por meio da análise categorial de Bardin (2016), observando-se a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Na exploração do material, primeiramente foi analisado o conjunto das informações, buscando-se categorias, unidades de registro e sua frequência e, na sequência, foram agrupadas em três grupos, tendo como referência a carta de Freire respondida pelos(as) mestrandos(as). Foram identificadas as seguintes categorias: Paulo Freire, Educação, Esperança, Desesperança/medo; Mudanças/transformações; Democracia/democratização; Consciência Humana; Professores/educadores; Alunos/ estudantes/crianças/ jovens; Riscos/perdas. Os diálogos dos(as) mestrandos(as) com o autor, por meio das cartas, denotaram a compreensão de aspectos centrais da Pedagogia e da Epistemologia de Freire. As cartas denotam o desenvolvimento mais acentuado da consciência crítica dos(as) mestrandos(as), mediante a análise da complexa realidade vivida por eles(as) e a compreensão e aplicação das categorias centrais da obra de Freire, o que permite concluir que os objetivos da atividade foram alcançados.