Expoentes do Behaviorismo Radical contemporâneo comentaram, recentemente [The Behavior Analyst, 2011, 34(2)], o já emblemático artigo de Baum (2011a) sobre os (ou contra qualquer papel dos) eventos privados na Análise do Comportamento. Este breve ensaio crítico, especialmente destinado aos interessados em questões teórico-epistemológicas behavioristas (e cuja versão inicial originou-se por ocasião do IV Colóquio do Instituto Carolina Bori (iCB), realizado em 28/5/2012, no Instituto de Psicologia da USP), é despretensioso em relação ao oferecimento de soluções para as questões apontadas no target article do professor Baum.No entanto, pode cumprir a função de destacar a importância e a contemporaneidade dos problemas conceituais inerentes aos eventos privados, no contexto do Behaviorismo Radical. Enquanto resultado de uma primeira leitura do texto referido e daqueles dos seus comentadores, na mesma edição do Behavior Analyst, este ensaio -trocadilhos de terminologia não-behaviorista à parte, como na sequência se observará -transita entre os desafios da possibilidade de "tornar públicas" algumas "impressões", "sensações", "interpretações" do autor e, na mais otimista das hipóteses, algumas "convicções" e "sentimentos" que "marcaram sua mente" (ou seria mais prudente dizer: "que mudaram seu corpo, o qual, por sua vez e quase indiscutivelmente, inclui seu cérebro, a partir de interações texto-leitor no contexto de uma história prévia desse tipo de interação"?).Convenhamos que não há qualquer solução conhecida que se mostre a um só tempo contemplada por parcimônia teórico-filosófica, quando contraposta à possibilidade concreta de aferição experimental do papel dos eventos privados nas ciências do comportamento. Apesar disso, rever algumas das passagens dos textos de Baum e seus comentadores e recuperar outras breves referências pode contribuir para que se possa chegar até o final deste texto tornando compreensível a escolha do seu título, mas, seguramente, sem oferecer qualquer decisão relevante e conclusiva sobre os impasses analisados. Senão, vejamos o panorama colocado por Baum (2011a) e seus comentadores.Em nota (p. 185), o autor mencionado esclarece que o artigo é uma versão modificada de apresentação que fez na ABA em 1995. Considerando-se que o livro por ele próprio anunciado como didático teve sua primeira edição em 1994 (embora faça referência, no artigo, à edição revisada de 2005) e notando-se, adicionalmente, que a primeira edição brasileira teve lançamento por ocasião (1998) de encontro da Sociedade 1 Professor Adjunto