O artigo discute as potencialidades e os desafios implicados na mobilização de obras literárias como fontes na pesquisa em História da Educação. Baseia-se na experiência de realizar uma investigação e de revisitá-la, 30 anos depois, sobre o cotidiano da escola na Paraíba, Brasil, entre 1890 e 1920, tendo como principal fonte a obra do escritor José Lins do Rego. O estudo indica que as mudanças ocorridas no campo da historiografia da educação, com a produção de pesquisas sobre o tema e sobre o período, a incorporação de novos procedimentos metodológicos e categorias de análise permitiriam outros modos de analisar a obra literária. Indica, ainda, que elementos como as condições de produção da pesquisa científica, com a digitalização e disponibilização de bibliografia e fontes na rede mundial de computadores, assim como a tradução de obras de outras línguas, têm efeitos decisivos sobre os modos de dar inteligibilidade à documentação analisada.