Este estudo teve como objetivo analisar as possíveis reverberações dos movimentos anti-gênero nos relatos de docentes do Ensino Fundamental I sobre as violências contra crianças, buscando entender os seus temores e as suas ações de resistência em sala de aula. Participaram da pesquisa seis docentes da Rede Municipal de uma capital e de cidades do interior ao entorno, com idade variando entre 24 e 47 anos. Utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada, cujas questões norteadoras disseram respeito às percepções sobre as violências contra crianças, as dimensões de gênero presentes em tais violências e a possibilidade de enfrentá-las na escola. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo, com as seguintes categorias temáticas: Percepções de docentes sobre as relações entre gênero e violências contra crianças; Atravessamentos dos discursos anti-gênero em seus relatos; Práticas contra-hegemônicas e resistências em sala de aula. Observou-se que o(as) participantes demonstraram se incomodar com as tentativas de cerceamento de um trabalho crítico na escola que dificulta, ainda mais, a implementação de ações voltadas à educação em sexualidade para crianças. No entanto, percebeu-se que o(as) professor(as) demonstraram resistir a essa lógica por meio de ações voltadas ao diálogo com estudantes sobre gênero, sexualidade e violências.