Este trabalho tem por objetivo apresentar proposta metodológica de investigação na interface entre a História das Ideias Linguísticas e a Linguística Histórica. Nosso pressuposto é que, partindo de um corpus de 132 gramáticas, publicadas no período de mais de 500 anos (gramáticas portuguesas, brasileiras e do português como língua estrangeira), é possível investigar o fenômeno da mudança linguística em curso, a partir do que entendemos por línguas gramaticais (AUROUX 1998 apud LEITE 2009a), isto é, da evolução linguística por uma sucessão de gramáticas; gramáticas, no sentido proposto por Auroux enquanto instrumentos linguísticos (AUROUX 1992, 1998). Para fins de exemplificação, examinamos três gramáticas pertencentes ao referido corpus, das quais extraímos importantes informações linguísticas de uso, a fim de ilustrar a produtividade do método proposto. Quanto à metodologia propriamente dita, elegemos duas vertentes investigativas de significativa importância para a extração de dados que indiquem tanto a variação quanto a mudança em curso, presentes e registradas nas e pelas gramáticas. Essas se dão pelas linguagens registradas nas gramáticas, que podem ser vistas quer pelo 1. discurso do gramático (estatuto dos exemplos, sua sintaxe, seu estilo, seu levantamento lexicográfico e ou uso lexical, etc.), quer pela 2. Investigação da metalinguagem utilizada pelo gramático e/ou sua atitude linguística (HALLIDAY et al. (1974), sua descrição linguística [fonética/ortográfica; lexical; descrição morfossintática]; sua descrição e análise dos chamados Solecismos e Barbarismos. Como se poderá avaliar pelos resultados, ainda que ilustrativos e incipientes, tal metodologia pela análise da linguagem gramatical revela não poucos fenômenos de interesse para o linguista histórico.