O objetivo do artigo é analisar padrões de lexicalização de modo de movimento nas traduções de um texto literário em inglês para polonês e para português brasileiro. Apoiados na classificação talmiana de línguas com frame nos satélites e línguas com frame nos verbos, como também na teoria Thinking for Translating de Slobin, comparamos as frequências da presença do componente modo de movimento e a sua lexicalização com o auxílio de verbos de modo ou de verbos de trajetória nos textos sob escrutínio. Como esperado, os textos em inglês e em polonês contêm mais verbos de modo do que o texto brasileiro, embora, surpreendentemente, esse último expresse o modo com frequência apenas ligeiramente mais baixa do que o texto original. A análise de técnicas de tradução demonstrou que o texto brasileiro se mantém mais fiel na tradução do modo, enquanto o texto polonês exibe numerosas modulações e adições do modo, ausentes no texto original. Concluímos, portanto, que os padrões de lexicalização, influenciados pela direcionalidade linguística, resultam também das decisões criativas dos tradutores.