Este artigo desenvolve reflexões sobre as relações de poder que constituem a prática ginecológica institucional, com foco nas conexões entre colonialismo, raça e sexualidade. A partir de publicações que abordam a história da ginecologia como especialidade médica, resgatamos as formas de experimentação nos corpos de mulheres negras, escravizadas e ex-escravizadas. Através de pesquisas sobre saúde materno-infantil que exploram a dimensão da raça, observamos a reprodução das iniquidades no campo da atenção à saúde. E por meio da aproximação com a literatura sobre saúde das mulheres lésbicas e bissexuais, problematizamos a heterossexualidade compulsória inerente às rotinas e aos protocolos técnicos da clínica ginecológica. Considerando a racialização e heterossexualidade compulsória como aspectos constitutivos da colonialidade de gênero, apresentamos um cruzamento analítico entre dados empíricos sobre movimentações sociais contemporâneas que interpelam a ginecologia institucional, protagonizados por mulheres lésbicas e por ativistas da Ginecologia Natural no Brasil.