INTRODUÇÃOAs investigações sobre assistência à saúde da criança e do adolescente têm apontado dois polos nos quais a sociedade centraliza os cuidados à saúde: o hospital e os serviços na comunidade.A partir da Segunda Grande Guerra, de 1946 até 1960, o hospital foi considerado a peça central do sistema, concentrando o papel de desenvolver a pesquisa, o ensino e as inovações no cuidado à saúde, podendo afirmar-se que nesse período a assistência caracterizava-se por um hospitalocentrismo, sustentado por um modelo médico assistencial privatista, privilegiando a prática médica curativa individual, assistencialista e especializada financiada pela Previdência Social. Na década de 1970, diante das precárias condições de assistência à saúde da população não coberta pelos serviços do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), surgiram as propostas de extensão de cobertura, e dentre elas o Programa Materno Infantil, alicerçado no movimento internacional de promoção à saúde e reorganização de serviços voltando-os para os cuidados primários. Em suas proposições gerais, apregoa o atendimento sistematizado, agendado, multiprofissional, com delegação de funções, trabalho em equipe, em um sistema de serviços regionalizados e hierarquizados em escala de complexidade crescente com ênfase na atenção primária. A importância numérica do grupo materno infantil, cerca de 70% da população, naquela década, justificaria o investimento, mas a escassez de recursos levou a utilização da estratégia de categorização da população em grupos de risco, que pode ser definida como uma política social e de saúde para a intervenção racionalizadora baseada em informações válidas sobre custos, recursos, riscos de doenças e efetividade das diversas atividades em diferentes locais. Na prática, os grupos passam a ser caracterizados por condições sócio-econômicas, educação, habitação, áreas periféricas de centros urbanos, áreas rurais, entre outras. Tenta-se assegurar um mínimo de cuidados para todos, distribuindo os limitados recursos para aqueles que mais necessitam (MARQUES, s/d). Rev.latino-am.enfermagem -v. 6 -n. 5 -p. 5-15 -dezembro 1998