A presente tese busca se debruçar sobre a relação entre religião e espaço dentro do universo religioso do Candomblé. Levando em consideração que esses espaços são múltiplos e revestidos de densidades religiosas variadas, podem ser os próprios terreiros (intramuros/fixos) ou espaços fora deles (extramuros/fluxos). Para tal fim, levando em consideração que o Candomblé é uma religião fruto da diáspora africana, se faz necessário entender e descrever como o Candomblé construiu seu espaço enquanto território no novo continente e como ele se transfigura em espaço mítico, religioso, histórico, ancestral e de resistência. Também será descrito a própria história do Candomblé enquanto religião reminiscente do culto aos Orixás, cultuada em África e que recebe no Brasil contornos próprios. Trataremos desde seus primeiros movimentos como calundu (séc. XVII), culto privado ainda dentro das senzalas, até sua estruturação e ampliação quando se torna culto público (séc. XIX) migrando para as cidades (centros e periferias). A partir disso, esta tese analisa os trânsitos, deslocamentos e adaptações do Candomblé, para novos espaços de culto, a exemplo o Parque Ecológico dos Orixás (PEO) em Magé, no Rio de Janeiro. Espaço que surge como uma reação institucional frente aos entraves e cerceamentos, na tentativa de resolver demandas por espaços de expressão tão urgente para os Terreiros na contemporaneidade.