A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES ESTADO/IGREJA COMO ELEMENTO CRUCIAL DAS TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO PÚBLICOOs estudos sociológicos dedicados às relações Estado/Igreja e relativos às últimas duas décadas demonstram uma forte convergência em sua substância. Mesmo que anteriormente numerosos trabalhos de caráter predominantemente teórico (Luhmann, 1977) já tenham assinalado a oportunidade de rever a compreensão então dominante da secularização como hegemonia social da política e, consequentemente, como marginalização da religião, o volume publicado por J. Casanova (2000), no início dos anos 90, é ainda, na maior parte dos casos, considerado como o ponto de conversão. É a ele que se atribui o mérito de ter reconhecido a retomada da influência da religião na política também nas sociedades "ocidentais avançadas". Era inevitável que tal retomada fosse destinada a refletir sobre o equilíbrio entre Estado e Igreja.Os modelos teóricos utilizados posteriormente para reconstruir e interpretar esta inversão de tendência são diferentes entre eles, bem como são diferentes as etiquetas cunhadas para identificar o tipo de relação Estado/ Igreja que, aos poucos, mais claramente, começou a predominar. Apesar de tanta variedade é evidente um grande consenso sobre o declínio do modelo separatista e a crescente difusão de relações de cada vez maior cooperação entre Estado e Igreja.