A Psicologia E a Construção Da Escola Democrática

Abstract

RESUMO O presente texto refere-se à conferência apresentada pelo autor na abertura do XV Congresso Nacional de Psicologia Escolar (CONPE), promovido pela ABRAPEE, em julho de 2022. Na primeira parte, apresentam-se as principais concepções sobre o papel da escola nas sociedades capitalistas e seus impactos nas práticas desenvolvidas. Buscou-se compreender se a escola representa um espaço para a atuação dos educadores comprometidos com a formação de cidadãos críticos e transformadores. Na sequência, apresentam-se dados sobre a realidade educacional brasileira, marcada pelas contradições de um sistema dualista e cindido entre os interesses privativistas e publicistas. Na segunda parte, analisa-se o conceito de escola democrática, a partir de três dimensões: quantitativa (escola para todos e permanência), qualitativa (função e qualidade do ensino) e das relações internas (trabalho coletivo). Finalmente, defende-se que a Psicologia pode ter uma fundamental contribuição para a construção da escola democrática, desde que algumas condições sejam assumidas pelos psicólogos: ação interdisciplinar junto aos educadores, trabalho basicamente preventivo direcionado ao planejamento educacional e a superação de concepções teóricas conservadoras, como o Modelo Médico.

Práticas pedagógicas para sujeitos com diagnóstico de TDAH

“…Para Leite (2007, p. 303), esse processo reflexivo deve ocorrer em uma dimensão coletiva, "[...] de preferência no interior da própria escola, envolvendo a comunidade e os educadores comprometidos com a educação e que sonham com a possibilidade de transformar o mundo através de sua ação educacional". Promover-se-ia, seguindo o que propõe Leite (2007), a saúde e o letramento no espaço da escola. O que os adeptos da perspectiva sócio-histórica entendem é que esse movimento levaria à despatologização da educação, pois os professores acabariam por perceber que em contextos significativos de aprendizagem os alunos se engajam e, com isso, aprendem; isto é, os sintomas de desatenção e hiperatividade (ou de alheamento ao que é proposto pela escola?)…”

O psicólogo escolar: da depressão à saúde mental e à cidadania da criança

“…Para Leite (2022), o marco inicial do trabalho psicológico, no ambiente escolar, firma-se, precisamente, com a criação do laboratório de psicometria de Galton, que se dedica aos estudos da questão das diferenças individuais e do desenvolvimento da inteligência e da personalidade (LEITE, 2022). A partir do século XX, o autor diz que, com base nos testes desenvolvidos por Binet e Simon, as crianças em idade escolar passaram a ser testadas por solicitação do governo da França, que buscava identificar aquelas com necessidades especiais e com problemas psicológicos.…”

“…Os testes alinhados à psicometria avaliavam a sua prontidão, organizavam por classes, diagnosticavam e promoviam o acompanhamento das crianças com dificuldades de aprendizagem. Leite (2022) afirma que o modelo médico, considerado um arquétipo tradicional da prática psicológica, é ainda muito utilizado pelos consultórios de alguns psicólogos brasileiros. Esse modelo, voltado para as patologias está intimamente ligado à ideia do comportamento, o que vai "em termos remediativos, buscando, prioritariamente no indivíduo, as causas dos chamados problemas psicológicos" (LEITE, 2022, p.12).…”

“…As aprendizagens podem ser valoradas por mecanismos que reflitam o ambiente social e cultural da criança. Nesse sentido, conforme Leite (2022), torna-se necessário reconhecer que parte dos processos que se apresentam como eixos de dificuldades nas aprendizagens das crianças estão ligados à questão de organização, práticas pedagógicas inadequadas, marginalização social, currículos mal aplicados, problemas de relacionamento entre professor e aluno, falta de recursos, burocracia exagerada, entre outros.…”