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André Faro 2
Universidade Federal de SergipeRESUMO -Os principais objetivos deste estudo foram realizar a análise fatorial confirmatória da Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) e conduzir análises de curvas ROC para a normatização de seus pontos de corte, em uma amostra não-clínica. Os resultados exibiram evidências de validade estrutural da HADS e foram propostas mudanças para os parâmetros diagnósticos da ansiedade (≥7 pontos) e depressão (≥6 pontos). Ao final, destaca-se a necessidade de cautela na interpretação dos escores e decisão diagnóstica, principalmente na mensuração da depressão.Palavras-chave: análise fatorial confirmatória, curva ROC, HADS, ansiedade, depressão
Confirmatory Factor Analysis and Standardization of the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS)ABSTRACT -The main objectives of this study were to perform a confirmatory factor analysis of the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) and to conduct ROC curves for standardization of cut-off points, in a nonclinical sample. The results showed evidences of the structural validity of HADS and changes were proposed to the diagnostic parameters of anxiety (≥7 points) and depression (≥6 points). Finally, we highlight that caution is needed for the interpretation of the scores and diagnostic decision, especially for the depression measure.Keywords: confirmatory factor analysis, ROC curve, HADS, anxiety, depression No Brasil, os transtornos de ansiedade atingem de 12% a 20% da população e os transtornos depressivos variam entre 11% e 18%. Combinados, a prevalência chega a 24% na população em geral (Andrade et al., 2012). A ansiedade e a depressão figuram entre as principais causas de incapacidade no mundo, estando associadas a elevados riscos de morte prematura, doenças cardíacas, diversos tipos de câncer e mortalidade por causas externas, sendo uma relevante questão de saúde pública (Andrade et al., 2013;Russ et al., 2012).A Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) foi desenvolvida por Zigmond e Snaith (1983) com o objetivo de identificar casos (possíveis ou prováveis) de transtornos de ansiedade e/ou depressão leves em populações não-clínicas. Embora os autores não tenham deixado claros os conceitos clínicos que orientaram a construção do instrumento, Bjelland, Dahl, Haug e Neckelmann (2002), em uma revisão da validade da HADS, encontraram que a escala se mostrou compatível tanto aos critérios diagnósticos do DSM-III, como do DSM-IV.Desde sua adaptação para o Brasil (Botega, Bio, Zomignani, Garcia Júnior, & Pereira, 1995), não há, até então, análise confirmatória da estrutura da HADS neste país, o que já é encontrado em outros países (López et al., 2012;Martin, Thompson, & Barth, 2008;Roberge et al., 2013). Por se tratar de uma escala bastante utilizada em nível mundial (Bjelland et al., 2002;López et al., 2012;Roberge et al., 2013) e que agrega características desejáveis para a condução de surveys no âmbito da saúde mental (por exemplo, pela parcimônia na quantidade de itens), julgou-se relevante a busca por evidências da es...