RESUMO: Objetivo: Apresentar a experiência clínica com o uso de neuromodulação através de eletroestimulação transcutânea no tratamento das disfunções de eliminação. Métodos: Foram analisados retrospectivamente seis pacientes com disfunções de eliminação submetidos à neuromodulação através de eletroestimulação percutânea peri-sacral. Todos os pacientes incluídos eram refratários ao tratamento clínico convencional e a eletroestimulação foi utilizada como terapia de resgate. As sessões terapêuticas eram semanais e o seguimento mínimo foi de seis meses. Resultados: Todos os pacientes obtiveram melhora clínica. Quatro pacientes não necessitaram de mais medicação. Todos aceitaram bem o tratamento e referiram melhora da qualidade de vida. Conclusão: A eletroestimulação percutânea mostrou-se útil no tratamento das disfunções do assoalho pélvico e da musculatura vesical (Rev. Col. Bras. Cir. 2007; 34(6): 392-397
INTRODUÇÃOOs últimos 20 anos trouxeram grandes mudanças conceituais com relação aos distúrbios funcionais da musculatura pelvi-perineal. A correlação fisiopatológica entre os distúrbios vesicais e os da evacuação foi fundamental: o funcionamento integrado (neuro-muscular) do assoalho perineal representou uma explicação satisfatória para a associação freqüente entre constipação crônica e problemas urológicos, a seguir denominada síndrome da disfunção das eliminações Koff et al ¹.Novas linhas de pesquisa sugeriram um papel fundamental, previamente ignorado, das informações neurais aferentes na coordenação dos tratos urinário e intestinal distais. O urotélio tem um papel integrativo, atuando como um sincício funcional com funções proprioceptivas.Exames ´in vivo´ com PET-scan demonstraram a existência de modulação funcional do aparelho urinário e assoalho pélvico em vários níveis do sistema nervoso central.A alta frequência de efeitos colaterais sérios com drogas anticolinérgicas e a relativa ineficácia do tratamento com laxativos, técnicas funcionais e drogas moduladoras da atividade vesical determinaram a busca de novas táticas terapêuticas.Apresentamos a nossa experiência clínica com o uso de eletroestimulação percutânea (EP) semanal perisacra no tratamento de uma coorte selecionada de portadores de distúrbios graves das funções de eliminação, previamente refratários ao tratamento clínico durante longos períodos.
MÉTODOSForam analisados os prontuários de seis pacientes cujas idades variavam entre 5 e 14 anos que apresentavam disfunções de eliminação e foram submetidos à eletroestimulação percutânea (EP) peri-sacra (S2 -S4) e torácica (T11 -L2). A EP foi aplicada uma vez por semana com duração de 40 minutos cada uma durante 10 semanas.O tratamento foi ministrado por um cirurgião pediatra, responsável pela análise e seguimento clínico dos casos e um médico acupunturista, responsável pela aplicação da EE e análise clínica dos pacientes durante as sessões. Em todos os pacientes aqui apresentados a eletroestimulação foi utilizada como terapia de resgate. Foram excluídas da análise todas as crianças que apresentavam d...