As interações da agricultura familiar (AF) com os mercados se constituem num dos pontos nevrálgicos das suas organizações socioeconômicas. É este o contexto do presente artigo que objetiva compreender de que maneira os componentes territoriais interferem na edificação das feiras da AF em três regiões distintas no Estado de Santa Catarina - Oeste, Serra e Litoral - nos quais a trajetória histórica e econômica é diferenciada. Por meio de uma abordagem institucional dos mercados, buscou-se analisar os territórios selecionados durante agosto de 2020 a maio de 2021. Os dados primários foram obtidos através de entrevistas com diferentes agentes públicos de cada um dos municípios da amostra. Os dados secundários (estrutura fundiária, IDHM, PIB per capita, demografia) foram obtidos nas bases de dados do IBGE. Para a análise dos dados, a pesquisa utilizou-se da estatística descritiva, da correlação linear e da regressão linear simples. Os principais resultados demonstram que há correlações entre a configuração socioeconômica e territorial com as dinâmicas das Feiras da AF. Assim, embora a AF seja um componente importante na economia catarinense, a mesma nem sempre é valorizada. Isso contrasta com as identidades culturais articuladas no Estado, configurando uma promessa ainda não concretizada, mas, ao mesmo tempo, se apresentando como um potencial de autonomia e de desenvolvimento rural.