RESUMO:A prosódia, esquecida durante algum tempo nos estudos linguísticos, é um aspecto de fundamental importância para o discurso. É por meio dela que podemos, por exemplo, distinguir modalidades frasais, identificar a origem geográfica e reconhecer os estados afetivos do falante. Nos últimos anos, a prosódia dos afetos sociais tem ganhado foco. Em situações discursivas, como em debates políticos eleitorais televisionados, aspectos de natureza prosódica se unem à argumentação retórica, dando força aos marcadores retóricos. Quando um candidato ataca diretamente seu adversário, tentando derrubar a imagem (ou ethos, pode-se acrescentar) por ele construída, o faz por meio de críticas, entre outras atitudes, que são expressas no discurso via prosódia. O objetivo deste trabalho é, assim, apresentar uma análise de um momento em que essa desconstrução acontece em debates eleitorais, mostrando quais são as contribuições da prosódia durante a expressão da atitude de crítica.ABSTRACT: Prosody, forgotten for a certain time in linguistic studies, is a fundamental aspect in discourse. Through it is possible, for example, to distinguish phrasal modalities, identify someone's geographical origin, and recognize the speaker's emotional states. In recent years, emotional prosody has been highlighted. In discourse situations, such as televised election debates, prosodic features join the rhetorical argumentation, strengthening the rhetorical markers. When a candidate verbally attacks their adversary, in an attempt to ruin the ethos built by them, it is done, among other things, through criticisms expressed in the discourse via prosody. Thus, the aim of this paper is to present an analysis of a situation in which this deconstruction happens in election debates, showing which the contributions of prosody are during the expression of the critical attitude.
IntroduçãoO cenário político é permeado por situações argumentativas que possibilitam, quando os candidatos constroem seu discurso, a projeção de uma imagem com vistas ao convencimento de seu auditório. Ao mesmo tempo, um candidato pode atacar o ethos de seu(s) adversário(s). Como já apontado por Charaudeau (2006), "o discurso político é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras" (CHARAUDEAU, 2006) e, podemos acrescentar, um lugar em que o candidato mostra-se conforme seu propósito enunciativo. Revista do SELL v. 6, no. 1