Fundamentados na Análise de Discurso, derivada de Michel Pêcheux e seu Grupo,pretendemos descrever e interpretar certos elementos prosódicos que incidem na constituição dos sentidos no discurso político brasileiro. Mais especificamente, analisaremos sequências discursivas extraídas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral, das eleições presidenciais de 2010,focalizando, sobretudo, certas características e modulações vocais num pronunciamento da então candidata Dilma Rousseff. Além de participar da construção de efeitos de espontaneidade e de autenticidade de seu dizer, a voz de Dilma contribui decisivamente para a produção de uma sua condição feminina e de seus corolários, refutando enunciados de uma formação discursiva adversária e afirmando sua qualidade de mulher, esposa e mãe.
Esta cópia do número 6.1. da Revista da ABRALIN data de 2013, e resultou do tratamento manual da versão impressa. Nessa operação, a formatação e a paginação originais foram mudadas, e podem ter ocorrido erros pelos quais nos desculpamos. METAMORFOSES PALAVRAS-CHAVEanálise do discurso, discurso político, semiologia histórica. CARLOS PIOVEZANI FILHO, METAMORFOSES DO DISCURSO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO: PORUMA NOVA PERSPECTIVA DE ANÁLISE.© Revista da ABRALIN, v6. n1.p. 111-128. Jan/jun.2007 Esta cópia do número 6.1. da Revista da ABRALIN data de 2013, e resultou do tratamento manual da versão impressa. Nessa operação, a formatação e a paginação originais foram mudadas, e podem ter ocorrido erros pelos quais nos desculpamos.KEYWORDS discourse analysis, political discourse, historical semiology IntroduçãoNa história recente dos estudos lingüísticos, no Brasil, há um fenômeno interessante: uma das vertentes mais ativas, reconhecidas e produtivas da Lingüística brasileira contemporânea é aquela que se designa pelo nome de Análise do Discurso francesa. Com efeito, o suposto paradoxo que se manifesta no fato de que uma atividade científica brasileira seja qualificada de "francesa" é apenas aparente: "colonização do pensamento", dirão alguns, "simples banalidade", dirão outros. De fato, não se trata propriamente de um paradoxo, mas da emergência de um campo de saber desenvolvido no Brasil, desde os anos 1970, a partir do conjunto de postulados teóricos e metodológicos elaborados e/ou aperfeiçoados pelo filósofo Michel Pêcheux e seu grupo de pesquisa. A AD francesa" surge, evidentemente, na França, no âmago do movimento estruturalista, sob a forma de uma síntese entre uma certa lingüística, um certo marxismo e uma pitada de psicanálise, tão ao goSto do contexto francês da segunda metade da década de 1960. Seu objeto privilegiado, desde o princípio: o discurso político.É precisamente sobre alguns desenvolvimentos desse campo isciplinar, tanto na França quanto no Brasil, que pretendemos refletir.Com base nessa reflexão, tentaremos esboçar possíveis deslocamentos teórico-metodológicos da análise do discurso político e propor algumas possibilidades de pesquisa, considerando as modificações e as aproximado" do telespectador-eleitor, que, de certa maneira, não está lá, ainda que esteja. Numa palavra, trata-se de uma relação de "proximidade distante" (COURTINE, 1989: 72-73). Com efeito, as inovações tecnológicas, em conjunto com uma série de transformações históricas de diferentes durações, parecem ter contribuído para o advento de mudanças bastante significativas nas práticas de produção e de interpretação dos discursos políticos.Essa "proximidade distante" corresponde a uma "distância de intimidade" na qual o telespectador é instalado e a qual caracteriza a linguagem televisual. Se os contatos face a face das interações de terreno promovidas pelo discurso político no palanque consistem num encontro "real" do ator político com um auditório, na televisão, esse encontro é produzido sob a forma de uma "ilusão". Entretanto, ao mesmo...
Fundamentados na Análise de discurso, buscaremos responder às seguintes questões: o que se diz na mídia brasileira sobre o desempenho oratório de Lula? Como são formulados seus enunciados? Quais são suas relações com outros dizeres que depreciam a fala popular? Há variações no tratamento dispensado aos pronunciamentos de Lula em veículos conservadores ou progressistas? Quais são as relações entre a depreciação da fala pública popular e a discriminação da escuta popular da fala pública? Para fazê-lo, analisamos uma série de enunciados extraídos de um corpus constituído por textos de jornais e revistas de grande circulação nacional publicados desde 1989 até nossos dias.
Usar a linguagem humana para calar adversários, transformados em inimigos, e incitar seus adeptos à violência são duas das principais propriedades da linguagem fascista. Neste artigo, pretendemos realizar uma breve exposição de certas semelhanças e diferenças entre o populismo e o fascismo, para, em seguida, apresentar algumas reflexões sobre a linguagem fascista, a partir de Victor Klemperer e de Jean-Pierre Faye, e para, finalmente, analisar alguns pronunciamentos e declarações de Jair Bolsonaro. Nossos principais propósitos consistem em problematizar uma distinção feita pelo historiador Federico Finchelstein entre populismo e fascismo e em sustentar a ideia de que vários discursos desse político brasileiro, produzidos ao longo de mais de três décadas de vida pública, materializam traços de uma linguagem neofascista. Para a execução do trabalho, empregaremos alguns postulados da Análise do discurso, além de nos valermos de certos princípios da Retórica.
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