As intoxicações constituem um problema de saúde pública global, com crescente número de ocorrências e óbitos. No Brasil, os dados deste agravo decorrem principalmente dos atendimentos de hospitais, que notificam ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ou solicitam auxílio dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIAT) no tratamento. Estes centros, por sua vez, enviam dados de seus atendimentos ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX), entretanto, mesmo com ambos os sistemas de informação, grande parcela das ocorrências é ainda desconhecida. O objetivo do trabalho foi analisar os atendimentos por exposição, intoxicação ou envenenamento em um município do Estado de São Paulo, no período entre um de janeiro e 31 de dezembro de 2012, quanto às características de exposição, assistência, desfecho e de notificação. Foram revisadas as fichas de todos os atendimentos ocorridos na Unidade de Urgência e Emergência (UUE) e selecionados os decorrentes de exposição, intoxicação ou envenenamento, das quais foram coletadas variáveis de ocorrência e assistência, e analisadas com auxílio de software estatístico. Dos 95.923 atendimentos ocorridos, 3.184 (3,3%) decorreram dos eventos toxicológicos, destes, 68,6% eram do gênero masculino com mediana de idade de 38 anos, ao feminino corresponderam 31,4% e mediana de 30 anos, ambos com predomínio das faixas etárias entre 20 e 59 anos (74,5%). A taxa da prevalência foi de 46,4 atendimentos/mil habitantes.Predominaram as exposições agudas (48,5%) e crônicas (31,9%), e os principais agentes foram as drogas de abuso (58,1%), animais peçonhentos (15,8%) e medicamentos (10,0%). Em 71,0% dos atendimentos foram adotadas medidas de suporte. Foram viii notificados ao SINAN apenas acidentes por animais peçonhentos e o contato ao CIAT ocorreu em 10 atendimentos (0,3%), o que correspondeu a 3,1 notificações a CIATs para cada mil ocorrências toxicológicas atendidas. Em 1,7% a internação foi necessária e 4,8% receberam alta com orientação de acompanhamento em outros serviços. Em 30,8% dos expostos a drogas de abuso foram solicitadas internações em instituição de tratamento para dependência química. Em 16,7% foram identificados agravos/doenças com ou sem associação a exposição química. Ocorreram oito (0,2%) óbitos, a maioria associados a outros agravos ou doenças. O perfil apresentado dos atendimentos foi parcialmente semelhante ao apresentado em outros estudos, porém, é grande a variação entre diferentes países e regiões do mundo, inclusive no Brasil. Foi elevada a proporção de atendimentos dentre o total de urgências médicas e isso se deu ao ampliado critério de inclusão adotado, o que proporcionou uma alta representatividade das ocorrências em uma UUE. A alta subnotificação ao SINAN e SINITOX, bem como as diferenças observadas quanto aos dados destes sistemas, apontam para a necessidade de reformulação/qualificação dos dados sobre intoxicações no País, uma vez que sua representatividade pode estar comprometida. Discussões e ações devem ser t...