Há ainda escassez de estudos que abordam o tema da alimentação de forma mais abrangente, para além dos aspectos nutricionais. O objetivo do presente estudo é trazer uma reflexão acerca dos impactos ambientais do sistema alimentar hegemônico. Considerando métodos utilizados na cadeia produtiva, desde o plantio até as escolhas alimentares, este sistema alimentar compreende uso exacerbado de combustíveis fósseis, agrotóxicos, água, terra para a produção de commodities, com comprometimento da biodiversidade, qualidade da água, solo e alta emissão de gases do efeito estufa. Sua organização se volta para atender as pressões de consumo e os padrões dietéticos insustentáveis, enquanto há persistência de insegurança alimentar e nutricional em várias camadas da população. Neste sentido, destaca-se a produção e consumo de carnes, especialmente a bovina, pelos seus altos custos ambientais. Aponta a necessidade de mudanças nos padrões de consumo, com ênfase nas práticas dietéticas mais adequadas ao ambiente, sem esquecer os simbolismos que permeiam o comer. Assim, a discussão dos impactos ambientais deste sistema alimentar pode fazer parte das agendas das associações e instituições da área de Nutrição, Saúde Coletiva e Ambiente, entre outros. Estudos e esforços subsequentes podem evidenciar esta inter-relação, tornando seu entendimento mais palpável, rumo a outros sistemas de produção de alimentos e outros padrões dietéticos.