Dentre as mais de 1.400 espécies de morcegos catalogadas no mundo, somente três se alimentam de sangue (Hematofagia). Elas só são encontradas nas Américas (principalmente latina) com ampla distribuição no Brasil. A atividade alimentar de morcegos hematófagos em humanos só era conhecida para Desmodus rotundus, entretanto, em 2016, foi relatada para Diphylla ecaudata. O presente trabalho descreve, pela primeira vez, a utilização de sangue humano em condições de campo por Diaemus youngi. O caso ocorreu na zona rural do município de Ipojuca (08º23'56" de latitude sul e 35º03'50" de longitude oeste), na Região Metropolitana do Recife, estado de Pernambuco. Um morador de 44 anos relatou que, na madrugada do dia 01 de novembro de 2018, acordou e percebeu um morcego fazendo a sangria em seu braço, e ele matou o animal. Ao amanhecer, procurou um posto de saúde e levou o morcego. O paciente foi encaminhado para as medidas profiláticas adequadas, recebeu soro e vacina, e o morcego foi enviado ao LACEN/PE para diagnose e exame rábico. O exemplar foi diagnosticado com base em suas características morfológicas (manchas brancas nas asas, glândulas bucais, almofadas do polegar, entre outras) como Diaemus youngi (macho; adulto). Depois de feitas a análise da imunofluorescência direta e a prova biológica, testou negativo para o vírus rábico. Este relato demonstra que é preciso aprofundar estudos ecológicos sobre a espécie, principalmente relacionados aos itens alimento e comportamento, bem como sobre os impactos ambientais que possam alterar a seleção de suas presas.