A partir de uma reflexão teórica, este artigo elabora uma crítica à perspectiva patológica do bem-estar digital, que o define pela sua negativa, associando-o à ausência de transtornos mentais ligados ao meio digital, como o vício em internet. Considera-se que a abordagem patológica apresenta duas principais fragilidades: por um lado, a ênfase metodológica no tempo de tela enquanto uma variável definidora do bem-estar digital, e, por outro, a negligência teórica relativa a aspectos estruturais do meio digital, como a economia da atenção e as dinâmicas das tecnologias persuasivas. No caso do público infantojuvenil, essas fragilidades parecemser agravadas, visto que a atual geração de crianças e adolescentes ocupa um lugar inédito face às novas tecnologias digitais. A fim de responder a essas lacunas, serão apresentadas três possíveis abordagens alternativas para estudar o bem-estar digital de crianças e adolescentes. A partir desses novos paradigmas, ressalta-se a importância de afastar a pesquisa acerca do bem-estar digital do determinismo tecnológico, considerando que os efeitos decorrentes do uso de tecnologias digitais são complexos e têmrelação com aspectos e práticas individuais dos usuários e também com questões estruturais e socioculturais.