(240-430 minutos). A ressecção completa do tumor (cirurgia R0) foi realizada em 13 pacientes e somente um paciente apresentou doença residual macroscópica em ápice pulmonar. A morbidade total da série foi de 69,2%. A mortalidade operatória foi zero (todos os pacientes evoluíram para alta hospitalar). Conclusão: A esofagectomia de resgate demonstrou-se factível tecnicamente porém apresenta elevada morbidade operatória. Esta modalidade cirúrgica corresponde atualmente ao melhor tratamento disponível para se obter cura nos casos de tumor recidivado ou que tenho persistido com doença após quimiorradioterapia radical exclusiva. Todos os outros tipos de tratamento são considerados paliativos e com resultados de sobre-vida desapontadores (Rev. Col. Bras. Cir. 2007; 34(1): 16-20
INTRODUÇÃOO câncer de esôfago corresponde a 1-2% dos tumores malignos e a sétima causa de morte por câncer nos EUA. No Brasil é a nona neoplasia mais freqüente, sendo a sexta causa de morte por câncer [1][2][3] . Esta neoplasia apresenta um grande desafio quanto ao seu tratamento devido à alta mortalidade e morbidade operatória. Seu diagnóstico frequentemente é feito em estágios avançados, o que dificulta muito o tratamento adequado e torna bastante desfavorável o prognósti-co 4 .A ressecção cirúrgica tornou-se o tratamento considerado padrão ouro para o câncer de esôfago a partir da déca-da de 40, com índices globais de cura variando de 15 a 40% (sendo menos de 5% para os estágios avançados) [4][5][6] . Há algumas décadas a mortalidade operatória girava em torno de 10%, sendo hoje menos de 5% em centros de referência 7,8 . Devido à baixa efetividade da esofagectomia em termos curativos, novas modalidades terapêuticas têm sido pesquisadas geralmente em combinação com a ressecção cirúrgica. Radioterapia, quimioterapia ou quimiorradioterapia (adjuvante e/ou neoadjuvante) ou ainda a quimiorradiação radical exclusiva fazem parte do arsenal disponível atualmente 9 . Têm-se preconizado a quimiorradioterapia radical exclusiva para os pacientes portadores de carcinomas esofágicos localmente avançados (T3 ou T4) ou em pacientes sem reserva fisiológica para a esofagectomia, sendo observado uma sobrevida em cinco anos de 10-30%. Entretanto, o controle locorregional é pobre com taxas de recidiva local relatada na literatura de 40-60%. A esofagectomia de resgate fornece a única possibilidade de cura para pacientes selecionados com recorrência tumoral ou persistência de doença após a quimiorradioterapia exclusiva, com taxas de sobrevida em cinco anos de aproximadamente 25% 10 . Do ponto de vista teórico, a cirurgia de resgate é dotada de maior dificuldade técnica e morbimortalidade operatória, devido à alta dose de radiação aplicada no leito tumoral e ao maior intervalo de tempo entre o término do tratamento