“…Para completar a abertura do evento, a importante ativista transformista Lorna Washington fez uma performance, cantando canções da MPB, como "O bêbado e a equilibrista", de Aldir Blanc e João Bosco, que serviu como um "hino" de resistência cultural no final do regime militar e fazia referência na letra a Henfil e seu irmão, Herbert de Souza, fundador da Abia, os dois mortos em decorrência da Aids. Em outro artigo (Valle, 2017), expliquei como o ativismo de HIV/Aids tem se aproveitado de um vasto repertório da música brasileira e estrangeira, de diversos gêneros e ritmos, para suscitar questões sobre o viver em tempos de Aids, acionando uma dimensão de temporalidade e memória, como no caso da canção escolhida, que serve tanto para celebrar a anistia aos exilados quanto poderia celebrar também as práticas ativistas nos dias de hoje. De fato, os movimentos sociais em geral têm muita habilidade de articular música e política a partir de uma linguagem cultural das emoções (Eyerman & Jamison, 1998), o que mobiliza as pessoas através de uma expressão cultural mais simbólica e/ou metafórica.…”