Pensando de forma integrada a relação população-ambiente, o artigo aborda os estudos sobre dinâmica populacional e mudança no uso e cobertura da terra, com foco na contribuição e nos desafios da Demografia. Aproximando-se do tema em meados dos anos 1990, a Demografia teve como principal contribuição destacar a importância dos componentes populacionais nos modelos, antes, colocados como secundários e sob uma perspectiva simples. Demógrafos brasileiros dedicados a questões ambientais, embora tivessem prioritariamente a temática urbana no seu escopo, colaboraram de maneira indireta para a desenvoltura do campo, ao proporem uma releitura sobre relações população-ambiente. O artigo parte do caso da Amazônia brasileira, mostrando como a população foi explorada nas teorias sobre mudanças nos usos e coberturas da terra, passando pelo viés do crescimento populacional durante o período de fronteira agrícola, o modelo de ciclo de vida do domicílio (fecundidade e composição do domicílio) na década de 1990 e, mais recentemente, o enfoque no componente migratório. Para a Demografia, aponta-se como essencial o aprofundamento nos elementos demográficos que não o volume e a inclusão do espaço e seus efeitos. Para a construção da Ciência da Mudança da Terra, destacam-se a incorporação de dinâmicas urbanas nas investigações, a adoção de uma metodologia multiescalar e o exercício do diálogo entre as diversas disciplinas, incorporando mais sistematicamente a contribuição da Demografia.Palavras-chaves: Demografia. Mudança no uso e cobertura da terra, Amazônia.