A pesca artesanal marinha é uma atividade que frequentemente expõe pescadores artesanais ao risco de morte devido às condições meteoceanográficas adversas. Portanto, é urgente formular políticas públicas para solucionar esses problemas. Para minimizar os riscos, os pescadores, durante os dias de trabalho,realizam observações etno-oceanográficas que permitem identificar os dias seguros à prática da atividade. Neste sentido, o objetivo do estudo é compreender o comportamento de pescadores artesanais com base nas condições meteoceanográficas de ondas (altura e direção) e ventos (intensidade e direção), verificando como tais condições interferem na rotina da pesca artesanal no distrito de Farol de São Thomé, município de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil. Entre os meses de junho e agosto de 2018, foram realizadas 80 entrevistas guiadas por questionário semiestruturado, além da realização de observação direta da comunidade pesqueira. Tais previsões foram disponibilizadas pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE). O diário de campo foi utilizado para registro da quantidade de embarcações atracadas, o que permitiu avaliar interferências das condições meteoceanográficas nos dias de pesca. Na região de estudo, existem 160 embarcações de pesca, de acordo com os registros da Colônia de Pesca Z-19. No dia em que a altura de ondas variou de 0,6 m a 0,7 m, poucas embarcações (7,5%; n = 12) estavam atracadas. Quando a altura de ondas variou de 1,2 m a 2,1 m, muitas (70,6%; n = 113) embarcações estavam atracadas, principalmente embarcações menores (até 10m). Dessa forma, observações etno-oceanográficas são decisivas para a prática da pesca, pois, em dias de condições adversas, a atividade é suspensa devido ao maior risco de acidentes. Portanto a etno-oceanografia influencia na gestão de riscos que pescadores artesanais são submetidos durante as jornadas de trabalho.