Este artigo objetiva estabelecer relações entre a psicologia, como campo de produção de saberes e práticas, e questões centrais suscitadas pelas chamadas teorias transviadas (queer) e aleijadas (crip). Essas teorias surgem como contraponto às epistemologias que concebem os sujeitos de forma universalizante e normalizadora, e levam em conta como enquadramentos tais como os de gênero, sexualidade, raça e deficiência se inscrevem nos corpos e produzem subjetividades localizadas social, histórica e politicamente. Entendemos que suas contribuições se dão no sentido de trazer à tona os mecanismos de classificação, hierarquização e exclusão produzidos e perpetuados pelos ideais da corponormatividade e da cisheteronorma, que conferem inteligibilidade a determinados corpos, enquanto relegam outros à abjeção. Por fim, pontuamos a necessidade de a psicologia, ao ser interpelada por esses saberes contra-hegemônicos, haver-se com a própria implicação no processo de adequação e normalização dos modos de existência dissidentes, bem como nas relações de poder que sustenta por meio de seus discursos e práticas.