A doença fabricada ou induzida pelo cuidador, também conhecida como síndrome de Munchausen por procuração, é uma das formas graves de maus-tratos, na qual o cuidador, geralmente a mãe biológica da criança, exagera ou causa deliberadamente sintomas na criança, assim, o seu diagnóstico torna-se difícil de ser realizado. Diversos métodos podem ser utilizados pelo perpetrador para produzir os sinais e sintomas na criança, os quais, em grande parte, são compatíveis com as enfermidades observadas nessa época da vida, dificultando ainda mais seu reconhecimento. As consequências advindas da falha diagnóstica são inúmeras, incluindo sofrimento físico e emocional decorrentes dos meios diagnósticos aplicados e eventos adversos a medicamentos desnecessários. A utilização de insulina para desencadear crises epilépticas de origem metabólica e de medicamentos antiepilépticos para induzir reações motoras e cognitivas podem ser artifícios frequentes empregados pelo agressor. Este estudo teve como objetivo relatar o caso de um menino diagnosticado com encefalopatia epiléptica, cujos sinais e sintomas, como foi descoberto posteriormente, eram produzidos pela mãe por meio da administração de insulina, de fenobarbital e de carbamazepina. A importância dessa discussão versa sobre a necessidade de os médicos ficarem atentos a esse possível diagnóstico. Alguns critérios podem ser considerados na busca pelo diagnóstico correto.