Alimentação na pandemia- como esta questão afetou a saúde bucal infantil - revisão narrativa da literatura

Abstract

A pandemia do novo coronavírus resultou, esde março de 2020, um grande impacto na vida social, psíquica e emocional. A quarentena, caracterizada pelo isolamento social, despertou ansiedade, pânico e solidão em diversas pessoas. A brusca mudança de hábitos diários como atividades físicas, trabalho e estudo desencadearam sentimentos negativos e mudança na rotina da população em geral. Tratando-se dos hábitos alimentares das crianças, estes também sofreram mudanças, uma vez que os alimentos estão disponíveis em casa durante todo o tempo, sem horários regulares e muitas vezes sendo os do tipo ultraprocessados que apresentam aceitação e consumo exagerado além de baixa demanda mastigatória e embalagens práticas e sedutoras, favorecendo o consumo a qualquer hora e local. Desta forma, o objetivo desse estudo foi realizar uma revisão narrativa para verificar se nesses 18 meses de pandemia, houve estudos que possam associar a alteração da alimentação em crianças durante a pandemia e sua relação com saúde bucal. Com recorte temporal, uma busca eletrônica foi realizada nas bases de dados PubMed/MedLine, no período de 01 de janeiro de 2020 até 31 de agosto de 2021. Foram encontrados 23 artigos, no qual apenas 5 estavam incluídos nos critérios preconizado pelos autores. Concluiu-se que, embora nesta revisão não tenha encontrado associação entre a prevalência de lesões de cárie ou outras doenças bucais, a ingestão alimentar e higiene oral foi alterada. Assim, os efeitos dos hábitos alimentares e diminuição dos cuidados com a higiene oral podem ficar mais evidentes nos próximos meses.

Impactos da pandemia do COVID-19 nas práticas alimentares infantis no Brasil: uma revisão narrativa

“…Em outra ótica dentro do tema analisado, Santos et al (2021), construíram um trabalho onde o objetivo era correlacionar a alteração da alimentação em crianças ao longo do período pandêmico com repercussões na saúde bucal, visto que os hábitos alimentares das crianças também passaram por mudanças, uma vez que os alimentos estiveram mais disponíveis durante maior parte do tempo, com a ausência na regularidade dos horários e muitos cenários sendo a livre oferta de produtos ultraprocessados, que requeriam baixa demanda mastigatória, além das embalagens práticas e apetecíveis. Cenário propício para os efeitos negativos desses hábitos alimentares, associados a redução dos cuidados com a higiene oral que ficaram mais evidentes, produto do aumento na ingestão de açúcares fermentáveis e da ingestão frequente de lanches entre as refeições (Santos et al, 2021).…”

Changes in the frequency of oral hygiene during the COVID-19 pandemic among teachers

“…Due to social isolation, access to these foods was facilitated, and their consumption was consequently increased. In addition to the association between ultra-processed foods and oral diseases, such as dental caries, one can also observe the close relationship among diseases, such as being overweight, diabetes, and obesity 28 .…”

Impact of the COVID-19 pandemic on the performance of pediatricians and pediatric dentists in the Brazilian Unified Health System

“…However, the number of procedures performed by pediatric dentists was already equal to the control interval, which did not occur for pediatricians. Among possible causes for this outcome, it is possible to hypothesize that the pandemic context negatively influenced oral hygiene habits and dietary patterns, contributing to a higher incidence of caries disease and other oral conditions in children 19,20 . In addition, it is possible that the suppressed dental demands in the first pandemic year led to the search for assistance in the second year, increasing the demand for pediatric dentists in the SUS 20,21 .…”