A região e o período geralmente associados ao rei Saul, i.e., o platô de Benjamim no Período do Ferro I-IIA inicial (c. 1125-875 aEC), tem sido alvo de intensos debates nos últimos quinze anos. Enquanto estudos arqueológicos e exegéticos europeus, norte-americanos e israelenses têm permanecido restritos à discussão sócio-demográfica e política da região, as crenças e práticas religiosas dos habitantes tem sido negligenciada. Em contraposição a essa vertente, o presente estudo examina as fontes arqueológicas, epigráficas e bíblicas do período para identificar as divindades supostamente cultuadas pela casa de Saul. Tal tarefa, descrita como impossível por proeminentes estudiosos nos últimos anos, faz-se possível pelo quadro conceitual intitulado “redes mágico-míticas”, que observa religião através de uma perspectiva comunicológica e pela integração de dados da cultura visual negligenciados por esses estudiosos. Dessa forma, ao utilizar a organização social e os dados de múltiplas fontes, propõem-se dois níveis de deidades que provavelmente fizeram parte da experiência religiosa dos habitantes, tal qual a possível identificação dessas deidades.