INTRODUÇÃOAs reações adversas medicamentosas (RAMs) são definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como respostas nocivas e não intencionais a um fármaco e que ocorrem com doses normalmente toleradas pelo Homem.1 Um estudo conduzido em cinco países demonstrou uma incidência de RAMs de cerca de 16,5% em crianças hospitalizadas.
2As toxidermias são os efeitos adversos medicamentosos mais frequentes, tanto em adultos como em crianças, estando estimado que cerca de 2,5% das crianças tratadas com um fármaco e 12,5% das que tomam um antibiótico irão manifestar uma toxidermia.1,3 Felizmente, as manifestações mais graves são raras e estão associadas a taxas de mortalidade mais baixas na idade pediátrica em comparação com o adulto, mas são ainda assim uma importante fonte de morbimortalidade. 4 Durante muitos anos os ensaios clínicos em crianças foram negligenciados e apenas há cerca de uma década surgiu regulamentação europeia que obriga à formulação de um plano de investigação pediátrica para todos os novos fármacos que visam a administração em idade pediátrica.
5De facto, estima-se que cerca de 50% a 90% dos fármacos utilizados em crianças não estão estudados nesta faixa etária.6 Ainda assim, os ensaios clínicos em crianças são neste momento limitados e, portanto, a farmacovigilância tem um papel preponderante na prevenção de efeitos adversos, através dos sistemas de notificação espontâneos.5,7 Contudo, este método é limitado pela falta de notificações quer por parte dos profissionais de saúde quer dos cuidadores. 5,8 É ainda importante notar que as toxidermias em idade pediátrica têm particularidades especiais que as distinguem das toxidermias do adulto. Em primeiro lugar, as crianças são Revista SPDV 75(3)