O artigo analisa o Boletim Interno da Divisão de Educação, Assistência e Recreio, da Secretaria de Educação e Cultura do município de São Paulo, publicado no período de 1947 a 1957, como instrumento para a formação dos educadores para o Parque Infantil, instituição extraescolar que atendia crianças de 3 a 12 anos de idade. A perspectiva teórica adotada vai ao encontro de entendimento da cultura escolar como entidade autônoma, compreendendo o fenômeno educacional como um elemento constitutivo das relações sociais e o Boletim Interno como um produto cultural que manifesta essas relações e envolve membros da Divisão, educadores e funcionários. Verifica-se que o periódico buscou imprimir uma diretriz educativa no conjunto de instituições e que a formação dos educadores ocorria por meio da organização de procedimentos profissionais, da publicação de textos de caráter teórico e da divulgação de propostas de atividade, as quais orientavam a programação das instituições. Analisa-se que o Parque Infantil não era uma instituição estranha ao fazer escolar, configurando uma proposta curricular que fazia uma versão seletiva do conhecimento e da cultura a ser transmitida, inspirando-se em modelos pedagógicos utilizados em jardins de infância e escolas primárias. A condição social do público infantil, proveniente de famílias de trabalhadores pobres e imigrantes, com lares marcados por situações adversas, foi uma das dimensões que também orientou o atendimento, além das expectativas com relação à formação do profissional e ao destino dessas crianças, como trabalhadores e pais de família.