A ocupação da região semiárida brasileira ocorreu em uma perspectiva de exploração excessiva. A pressão da população nesta região sobre os recursos naturais, leva à deterioração ambiental, gerando um ciclo de pobreza e miséria tornando a região cada vez mais vulnerável em relação aos aspectos sociais, econômicos e ambientais. A hipótese que norteia o trabalho é que a cobertura vegetal exerce um papel fundamental sobre a conservação do solo e que as práticas produtivas tradicionais nesta região potencializam a degradação do meio ambiente. Esse trabalho tem como o objetivo avaliar qualitativamente a influência da cobertura vegetal sobre processos hidrossedimentológicos em parcelas de 100,0 m² além de identificar qual o tipo de cultura e prática produtiva tradicional que oferece maior redução de perda de solo. Na Bacia Experimental de Sumé foi possível identificar, no período de 1982 a 1991, a maior variação da produção anual de sedimentos quando são comparadas as áreas sem cobertura vegetal e coberta com caatinga nativa, parcelas 4 e 5, respectivamente, sendo de 24,95 a 11.399,3 vezes maior na parcela 4 do que na parcela 5. Os resultados obtidos na Bacia Experimental de São João do Cariri permitiram identificar que a cobertura vegetal com predominância de Poaceae, parcela 2, exerce um papel fundamental para a proteção do solo, onde a produção anual de sedimentos da parcela 1, desmatada, foi de 3,69 a 42,68 vezes maior do que na parcela 2, período de 1999 a 2001, período em que foi mantido o regime de pousio nesta última. De acordo com os dados obtidos nas bacias experimentais de Sumé e São João do Cariri foi possível concluir que a cobertura vegetal possui uma influencia significativa na redução da produção de sedimentos em parcelas de 100,0 m² e que não há uma relação direta entre os totais anuais precipitados, a lâmina escoada anual e a produção anual de sedimentos. Entre as culturas tradicionais de ciclo curto, como por exemplo, o milho e o feijão, a maior produção de sedimentos foi observada durante o cultivo do milho. Nas parcelas com cobertura morta e vegetação rasteira, parcelas 2 e 3, cujas declividades são de 3,9% e 7,2% respectivamente, observamos que a produção anual de sedimentos pode ser de até 83,5 vezes maior na parcela 3 do que na parcela 2. Estes valores demonstram a influência da declividade sobre geração do escoamento e consequentemente na produção de sedimentos quando as áreas são submetidas ao mesmo tipo de cobertura vegetal e possuem o mesmo tipo de solo.