Análise e reflexões sobre a diferença de gênero na computação: podemos fazer mais?

Abstract

Este artigo apresenta uma análise atualizada da participação das mulheres em cursos superiores de tecnologia no Brasil. Mulheres representam menos de 20% dos estudantes ingressantes e menos de 16% dos graduados em cursos superiores de tecnologia no Brasil (2021). Identificamos cerca de 80 iniciativas que buscam atrair mais mulheres para a área, mas o aumento na representação feminina ainda não é significativo. É necessário uma discussão mais profunda e soluções mais permanentes para o problema.

Quais são as qualidades docentes mais importantes no ensino de informática para mulheres?

“…Mulheres ainda sofrem com a imposição social do que seriam (ou não) carreiras femininas e persistem considerando com menor frequência a possibilidade de trabalhar na área de informática [Nascimento et al 2023]. Segundo Lopes et al (2023), as mulheres se sentem duplamente isoladas, tanto por quem está dentro da área de computação, majoritariamente composta por homens, quanto pelo contexto social, que não enxerga a computação como uma carreira adequada para as mulheres. Com isso, as mulheres sentem menos autoeficácia em relação à tecnologia e, efetivamente, priorizam outras carreiras em detrimento da computação.…”

“…O resultado desse contexto é que apenas 16,7% dos 500 mil estudantes de cursos de computação no Brasil são do gênero feminino, levando a um empobrecimento da área em termos de diversidade de percepções e habilidades que poderiam ser agregadas pelas mulheres [Lopes et al 2023]. Nesse contexto, precisamos avaliar se existem adaptações no ensino de modo a melhor atender a esse público, considerando a atuação docente na educação básica e no ensino superior.…”

“…Com relação a esses achados, considerando as cinco qualidades que foram iguais nos dois métodos de análise, hipotetizamos que as mulheres tenham privilegiado o uso da criatividade pelos professores porque permite que elas participem mais das aulas e, assim, aprendam melhor, do que em um contexto tradicional em que, talvez, seja dada mais voz apenas aos homens ou somente ao professor. Parece importante também para elas que o professor seja confiante e preparado, o que pode ser explicado pela baixa autoeficácia que o contexto social produz nas mulheres em relação à tecnologia [Nascimento et al 2023, Lopes et al 2023]. Um ambiente de aprendizado estável, organizado e no qual o professor ainda seja um bom comunicador, pode oferecer para elas maior segurança e chances de sucesso.…”

“…A lógica dessa afirmação é que um professor mais eficaz pode auxiliar, por meio de suas aulas, a reduzir a evasão de mulheres e atenuar dificuldades dessas aprendizes, facilitando a adaptação delas a cursos de informática. Vale ressaltar, ainda, que professores, principalmente, da educação básica, são estratégicos para incentivar meninas a se interessarem por carreiras profissionais na computação [Lopes et al 2023].…”

“…Contudo, dados mostram apenas 13% de mulheres no curso de Computação, 14% em Sistemas de informação e 13% em Engenharia da computação [Nascimento et al 2023]. Mesmo em cursos de formação de professores, nos quais predominam mulheres (cerca de 73%), observamos que a realidade é diferente no caso de Licenciatura em Informática, com apenas 34% de mulheres [Lopes et al 2023].…”