Análise epidemiológica e espacial dos casos de sífilis gestacional e congênita

Abstract

RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico e a distribuição espacial dos casos de sífilis gestacional e congênita. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória e retrospectiva, com abordagem quantitativa, realizada em Caxias (MA). Utilizaram-se os dados das fichas de investigação dos casos confirmados de sífilis gestacional e congênita do Sistema de Informação de Agravos de Notificação no período de 2013 a 2017. Com a tecnologia Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global), foram coletadas as coordenadas dos casos, e com o programa Quantum GIS, versão 1.7.0, os mapas foram construídos. Foram 149 casos de sífilis gestacional, apresentando crescimento de 73% no período. As maiores prevalências ocorreram em mulheres jovens, pardas, com baixa escolaridade e donas de casa. Evidenciou-se maior frequência do diagnóstico no terceiro trimestre gestacional, com maior prevalência de sífilis primária. Foram 18 casos de sífilis congênita, com redução de 33% na taxa de detecção e prevalência na idade entre 1 e 28 dias de vida. Na análise espacial, as zonas Oeste e Leste, periferia do município, concentraram o maior número de casos. Revelou-se frágil o manejo de investigação, tornando necessária a educação permanente para qualificar os profissionais, com o intuito de instituir a identificação precoce, o tratamento oportuno e o acompanhamento efetivo.

O que mudou na incidência da sífilis no estado do Rio de Janeiro de 2009 a 2019

“…Este estudo observou uma ascensão da incidência de SF no estado do Rio de Janeiro e, segundo a OMS, tal realidade não se faz diferente em outras regiões do Brasil e em outros países 2,4,21 . Padrão semelhante foi registrado em estudos realizados no estado do Paraná 15 , Santa Catarina 21 , Espírito Santo 22 , Tocantins 23 , Rio Grande do Norte 24 , em Caxias (MA) 14 , Maringá (PR) 25 , Santa Maria (RS) 26 , no Vale do Paraíba (SP) 27 , bem como em Barcelona (Espanha) 28 e nos Estados Unidos 29 . Desta forma, a alta incidência de notificações alerta para a magnitude deste problema de saúde pública e reforça a urgência no desenvolvimento de estratégias de saúde mais efetivas para melhoria na prevenção, no atendimento, diagnóstico e manejo dos infectados.…”

“…Em 2008, estimativas apontaram que 44,3%, 39,3% e 7,8% das grávidas apresentavam-se com SG na Ásia, África e nas Américas, respectivamente 24 . Estudos equivalentes levantam questões que podem justificar tal quantitativo, a saber: ações inefetivas de educação em saúde; não realização ou inadequação do PN preconizado para SF; tratamento inadequado ou inexistente para cada fase clínica, tanto na gestante quanto no parceiro; má gestão dos recursos de saúde; melhoria da qualidade dos dados notificados do SINAN e falha na atenção à saúde da mulher 14,15,21,22 .…”

“…Em decorrência da carência de estudos epidemiológicos abordando esta temática justifica-se o incentivo à realização de pesquisas que contribuam para a identificação da epidemiologia local de uma dada população, possibilitando, desta forma, o aprimoramento do planejamento, das ações e intervenções em saúde visando o controle efetivo deste agravo 14,15 . Trilhando este caminho, o presente estudo objetiva descrever como a sífilis vem sendo notificada no estado do Rio de Janeiro entre o período de 2009 e 2019.…”

Sífilis em gestantes: análise epidemiológica e espacial em um estado na Amazônia

“…O perfil de ocupação caracterizado por mulheres donas de casa e estudantes sugere, frequentemente, uma condição socioeconômica menos favorável, assim como documentando nas regiões Nordeste e Sul do Brasil (Conceição, Câmara, & Pereira, 2019;Padovani, Oliveira, & Pelloso, 2018). Dessa forma, a ausência de ocupação remunerada pode impactar negativamente no acesso à saúde de qualidade, elevando o risco para ocorrência de sífilis em gestantes (Ribeiro et al, 2020).…”

“…Fator limitante para caracterização mais fidedigna da classificação clínica dos casos de sífilis gestacional são os grandes números em que a classificação é ignorada ou não declarada, como também visível em outros estudos regionais (Cavalcante et al, 2017;Conceição et al, 2019;Padovani et al, 2018). Esse achado coloca em debate a eficácia da terapêutica estabelecida para essas gestantes, pois a mesma varia conforme o estágio clínico da doença.…”