Cardiopatias congênitas; Ecocardiografia sob estresse; Doença da artéria coronariana; Isquemia miocárdica.
IntroduçãoO ecocardiograma sob estresse é hoje um importante método não invasivo para a avaliação dos pacientes isquêmicos, uma vez que alteração na contratilidade miocárdica é um fenômeno precoce e facilmente identificável pela ecocardiografia 1,9 . Essa modalidade conta com diversas técnicas (estresse físico, farmacológico e eletroestimulação)¹, cada uma com indicações e contraindicações 8 .Ecocardiografia sob estresse com dobutamina e atropina baseia-se no aumento do consumo miocárdico, fornecendo assim dados para o diagnóstico de doença arterial coronariana 1,9 . Sua utilização no diagnóstico de isquemia em pacientes com má-formação das artérias coronárias não é comum na literatura.Relatamos um caso raro de paciente adulta com origem anômala da artéria coronária esquerda (comprovada por angiografia) submetida a ecocardiografia sob estresse com dobutamina e atropina para estratificação de isquemia miocárdica.
Relato do CasoPaciente de 45 anos, branca, sem comorbidades, história familiar negativa para doença arterial coronariana; na ocasião negava hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, tabagismo, uso de anticoncepcional oral e drogas ilícitas. Há quatro meses vinha apresentando dor torácica em "peso", sem irradiação, com duração de poucos minutos, em sua maioria sem relação com suas atividades físicas, porém às vezes associada aos grandes esforços.Foi submetida a teste ergométrico sendo esse sugestivo de isquemia. Posteriormente, foi então encaminhada à ecocardiografia sob estresse com dobutamina e atropina para continuar a investigação.Após a avaliação clínica, realização de eletrocardiograma e ecocardiograma transtorácico, a paciente recebeu infusão de dobutamina com incrementos a cada 3 minutos. Foi necessária a adição de atropina para atingir a frequência cardíaca submáxima estimada para a idade ou evidenciar isquemia. Durante o exame a paciente foi submetida a monitoramento da função ventricular esquerda global e segmentar com o ecocardiograma transtorácico, associado a controle de eletrocardiograma e clínico. Não houve alterações clínicas, e as eletrocardiográficas foram inespecíficas. No ecocardiograma inicial não havia alterações nas câmaras cardíacas e na função ventricular esquerda, porém notava-se dilatação das artérias coronárias com fluxo bastante aumentado (Figura 1). No pico do esforço, notou-se deterioração da contratilidade em extensa área ântero-septo-apical do ventrículo esquerdo (Figura 2), assim como infradesnivelamento do segmento ST ao eletrocardiograma, sugerindo isquemia no território da artéria coronária descendente anterior.Foi ainda realizada a aortografia que evidenciou apenas o óstio da artéria coronária direita bastante dilatado (Figura 3), enchendo toda a coronária esquerda, que também dilatada apresentava fluxo retrógrado em direção ao tronco da artéria pulmonar (Figura 4).
DiscussãoA origem anômala da artéria coronária esquerda é uma má-formação congênita, geralmen...