A pesquisa etnobotânica revela saberes gerados na interação entre grupos socioculturais e a diversidade vegetal do território. No campo educacional, estudos indicam que esse conhecimento etnobotânico pode colaborar com a formação dos estudantes. Visando amplificar tal potencial pedagógico, este trabalho teve o objetivo de identificar categorias que revelem de que modo a pesquisa em Ensino aborda o conhecimento etnobotânico. Para isso, realizou-se pesquisa de “estado da arte”, tendo como tema o saber popular sobre plantas e como base de análise as publicações das edições de três eventos da área de pesquisa em Ensino - ENEBIO, EPEA, ENPEC - realizadas de 1997 até 2020. Foram selecionados 136 trabalhos, representando 1,10% da produção total dos eventos. A análise dos dados ocorreu a partir de quatro descritores: saber etnobotânico abordado; grupo produtor do saber; justificativa para inclusão do saber etnobotânico; inserção do saber etnobotânico. Os resultados revelaram a predominância do conhecimento sobre o potencial medicinal das plantas e sobre o cultivo e manejo de espécies alimentícias. Os saberes abordados, em geral, pertenciam a grupos étnicos, regionais e rurais. Dentre as razões para inserir conhecimento etnobotânico no ensino, destacaram-se benefícios culturais, pedagógicos e ambientais. Levantamento de saberes populares e proposição de sequências didáticas foram as maneiras mais frequentes de inserir o conhecimento etnobotânico nas pesquisas. Concluiu-se que o conhecimento etnobotânico apresenta potencial para uma educação multicultural, mas que se deve atentar para o risco da abordagem utilitária desses saberes.